Onde começa um e termina o outro? Será o instinto uma inteligência rudimentar, ou uma faculdade distinta,
um atributo exclusivo da matéria? O instinto é a força oculta que impele os
seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a sua
conservação.
Nos atos instintivos não há reflexão,
nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta
para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra em busca de
nutrientes. É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou
prejudica; que buscam, conforme a estação, os climas propícios a sua reprodução
ou a sua existência; são tantos os exemplos, que esta postagem não os
comportariam.
No homem, o instinto domina
exclusivamente no começo da vida; é por instinto que a criança faz os primeiros
movimentos, toma o alimento, chora e grita para exprimir suas necessidades,
imita o som da voz, tenta falar e andar. No adulto, certos atos são
instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para
fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; isso acontece, também,
com o piscar das pálpebras para moderar o brilho da luz, ou mesmo para defender
os olhos de algo que seja arremessado contra eles, o abrir maquinal da boca
para respirar, etc.
Já a inteligência se revela por atos
voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade
das circunstâncias. É incontestavelmente um atributo exclusivo da alma. Todo
ato maquinal é instintivo.
O instinto é um guia seguro, que
nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está por vezes
sujeita a errar. O ato que denota reflexão, combinação, deliberação é
inteligente. Um é livre,o outro não é.
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Fonte: Kardec, Allan. A Gênese, Cap.
III, O Bem e o Mal. (com adaptações)
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