Inicialmente cabe explicar que Vetus Latina
é uma expressão latina e que significa “Latim Antigo”. Era, também, o
nome comumente dado aos textos bíblicos traduzidos para o latim antes da
tradução da Bíblia por São Jerônimo, que ficou conhecida
como Vulgata.
Dentre os muitos escritos traduzidos encontra-se uma página do Codex Vercellensis, um exemplo da Vetus Latina. Este manuscrito contém o Evangelho de São João. Mas, não existe e nem existiu nenhuma Bíblia "Vetus Latina" como uma coleção de manuscritos bíblicos traduzidos para o Latim que tenha precedido a Vulgata de São Jerônimo.
Muitas dessas traduções Vetus Latina, aparecem frequentemente em citações das passagens bíblicas nos escritos dos Pais da Igreja Latina. Acredita-se que alguns deles tenham compartilhados a leitura de determinados grupos de manuscritos.
Com a propagação do cristianismo por todo Império
Romano, houve a necessidade de se traduzir os escritos bíblicos para os
cristãos que não liam o grego ou o hebraico. Acredita-se que muitos escritos bíblicos foram
traduzidos já no início do século I, e que foram realizadas por tradutores informais.
Dentre os muitos escritos traduzidos encontra-se uma página do Codex Vercellensis, um exemplo da Vetus Latina. Este manuscrito contém o Evangelho de São João. Mas, não existe e nem existiu nenhuma Bíblia "Vetus Latina" como uma coleção de manuscritos bíblicos traduzidos para o Latim que tenha precedido a Vulgata de São Jerônimo.
Bruce Metzger, notório estudioso de manuscritos, depois de
comparar a leitura de Lucas nos manuscritos da Vetus Latina, contou
"não menos que 27 variações!".
Muitas dessas traduções Vetus Latina, aparecem frequentemente em citações das passagens bíblicas nos escritos dos Pais da Igreja Latina. Acredita-se que alguns deles tenham compartilhados a leitura de determinados grupos de manuscritos.
Muitas
das versões da Vetus Latina não foram consideradas autorizadas como traduções
bíblicas que poderiam ser usadas por toda Igreja. Entretanto, muitos dos textos
que fazem parte dos manuscritos da Vetus Latina foram desenvolvidos para suprir
uma necessidade de uma comunidade local, ou para ajudar em uma homilia ou
sermão.
Muitos
dos manuscritos existentes da Vetus Latina contêm os quatro Evangelhos
canônicos e também possuem várias diferenças substanciais de um para o outro.
Por outro lado, em outras passagens bíblicas possuem exatamente o mesmo texto.
Em sua
obra "A Doutrina Cristã", Santo Agostinho lamenta a variação na qualidade
dos textos presentes nos manuscritos disponíveis. Solecismos gramaticais abundam, alguns
reproduzem literalmente expressões no grego ou hebraico conforme constam na Septuaginta.
Do mesmo
modo, os vários manuscritos da Vetus Latina refletem as várias recensões da Septuaginta que circulavam com os
manuscritos africanos (tais como o Codex Bobiensis) que preservam leituras do texto
típico ocidental, enquanto as leituras nos manuscritos europeus estavam mais
próximos do texto típico Bizantino. Várias particularidades gramaticais são das
formas gramaticas em uso no Latim vulgar que se encontram nos textos.
Com a
publicação da Vulgata de São Jerônimo, os textos
traduzidos para o Latim ganharam unidade, estilo e
consistência, atributos que não eram presentes na Vetus Latina; por esta razão
esta foi ficando em desuso com o tempo.
São
Jerônimo, em duas de suas cartas, queixa-se que sua nova versão das Escrituras
para o Latim não tenha agradado inicialmente
os Cristãos, que estavam familiarizados com as expressões da Vetus Latina.
Entretanto, como as cópias da Bíblia completa eram difíceis de se achar, as
traduções da Vetus Latina para os vários livros bíblicos foram copiadas junto
com os textos da Vulgata, o que gerava não poucos
transtornos para a leitura.
Os textos
da Vetus Latina organizados como um único livro foram encontrados em
manuscritos tardios, datados do séc. XIII.
Mesmo
assim, a Vulgata suplantou a Vetus Latina foi
reconhecida como a versão da Igreja
Católica no Concílio de
Trento.
Abaixo
segue uma amostra comparativa entre o texto da Vetus Latina e da Vulgata. O texto em tela refere-se a Lc
6,1-4 segundo o texto que consta no Codex Bezae.
Vetus Latina
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Vulgata
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Et factum est eum in Sabbato secundo primo abire per segetes discipuli
autem illius coeperunt vellere spicas et fricantes manibus
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Factum est autem in sábbato secúndo, primo, cum transíret per sata,
vellébant discípuli ejus spicas, et manducábant confricántes mánibus.
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manducabant. Quidam autem de farisaeis dicebant ei, Ecce quid faciunt
discipuli tui sabbatis
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Quidam autem pharisæórum, dicébant illis : Quid fácitis quod non
licet in sábbatis ?
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quod non licet ? Respondens autem IHS dixit ad eos, Numquam hoc
legistis quod fecit David quando esurit ipse et qui cum eo erat ?
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Et respóndens Jesus ad eos, dixit : Nec hoc legístis quod fecit
David, cum esurísset ipse, et qui cum illo erant ?
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Intro ibit in domum Dei et panes propositionis manducavit et dedit et
qui cum erant quibus non licebat manducare si non solis sacerdotibus ?
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quómodo intrávit in domum Dei, et panes propositiónis sumpsit, et
manducávit, et dedit his qui cum ipso erant : quos non licet manducáre
nisi tantum sacerdótibus ?
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O texto
do Latim
antigo
sobreviveu na Igreja em muitas partes, especialmente na Liturgia, como se pode observar no
conhecido canto de Natal em Lc 2,14:
Gloria in excelsis Deo, et in terra pax hominibus bonae voluntatis
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Glória in altíssimis Deo, et in terra pax in homínibus bonæ voluntátis
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Provavelmente
a mais conhecida diferença entre o texto da Vetus Latina e da Vulgata seja a
oração do Pai Nosso. Veja abaixo:
Vetus Latina
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Vulgata
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Fonte: www.wikipedia.com.br