A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, não trata especificamente de transplantes de órgãos (até porque o Espiritismo surgiu no século XIX, antes do desenvolvimento dessa prática médica). No entanto, seus princípios filosóficos e morais permitem compreender claramente a posição espírita sobre o tema, que é favorável, desde que observados certos critérios éticos e espirituais.
🫀 1. Princípio básico: a caridade e o amor ao próximo
O Espiritismo valoriza profundamente a caridade e o amor ao próximo — como ensinado por Jesus.
A doação de órgãos é vista como um ato de amor, solidariedade e desprendimento material, pois permite que uma vida seja prolongada ou melhorada mesmo após a morte do doador.
✨ “Fora da caridade não há salvação.” — (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV)
Portanto, doar órgãos é um gesto de caridade suprema, pois ajuda o próximo e demonstra desapego do corpo físico, que é apenas um instrumento temporário do espírito.
⚖️ 2. O corpo é instrumento do espírito, não sua essência
De acordo com o Espiritismo:
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O corpo físico é apenas um meio de manifestação do espírito durante a encarnação.
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Quando o espírito desencarna (morre), o corpo deixa de ter utilidade espiritual.
Assim, ceder órgãos que não mais servirão ao espírito é algo natural e moralmente correto.
O espírito continua sua jornada em outro plano, sem depender do corpo que deixou.
“A morte é apenas a destruição do invólucro corporal, e não do ser espiritual.”
— (O Livro dos Espíritos, questão 155)
🕊️ 3. Cuidados espirituais no momento da morte
Alguns espíritas chamam atenção para o momento da desencarnação.
Eles lembram que a separação entre corpo e espírito nem sempre é imediata, podendo haver uma ligação fluídica temporária.
Por isso, recomenda-se:
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Que a retirada dos órgãos ocorra com respeito, sem violência ou pressa desnecessária.
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Que haja serenidade e oração no processo, para facilitar o desligamento espiritual do desencarnado.
Isso não é uma condenação ao transplante — apenas um pedido de respeito espiritual ao doador no momento do procedimento.
💬 4. Transplantes em vida
Quanto à doação em vida (como rim, medula óssea, parte do fígado etc.), o Espiritismo vê com bons olhos desde que não cause prejuízo grave ao doador.
O corpo é uma ferramenta sagrada, e devemos zelar por ele. Mas, quando possível, ajudar alguém com uma parte de si é um ato nobre.
“O mérito de um sacrifício se mede pelo desinteresse e pela utilidade que ele possa ter para o próximo.”
— (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI)
🌟 5. Resumo da visão espírita
| Aspecto | Posição Espírita | Fundamentação |
|---|---|---|
| Doação após a morte | Favorável | Ato de caridade e desapego material |
| Doação em vida | Aceita, se não causar dano | Amor ao próximo com responsabilidade |
| Respeito ao corpo | Necessário | Desligamento espiritual pode ser gradual |
| Obrigatoriedade | Não existe | Deve ser decisão livre e consciente |
| Valor moral | Muito elevado | Expressa o amor ao próximo e a fé na imortalidade da alma |
📚 Fontes e referências espíritas
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O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) — especialmente questões 155, 257 e 402.
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O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI e XV.
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Mensagens de médiuns e espíritos como Chico Xavier, Emmanuel, André Luiz e Bezerra de Menezes, que tratam do tema em obras como Evolução em Dois Mundos e Missionários da Luz (que abordam o perispírito e o desligamento).
❤️ Em resumo
Para o Espiritismo, doar órgãos é um gesto sublime de amor e solidariedade, compatível com os ensinamentos de Jesus.
Deve ser feito com consciência, respeito e intenção fraterna, reconhecendo que a vida verdadeira é espiritual — e que o corpo, após a morte, pode continuar servindo à vida por meio da doação.
E você, o que pensa sobre a "doação de órgãos"? Comente em nossa postagem e nós ajude com o tema.
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