quarta-feira, 5 de novembro de 2025

O QUE A DOUTRINA ESPÍRITA DIZ SOBRE TRANSPLANTES E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, não trata especificamente de transplantes de órgãos (até porque o Espiritismo surgiu no século XIX, antes do desenvolvimento dessa prática médica). No entanto, seus princípios filosóficos e morais permitem compreender claramente a posição espírita sobre o tema, que é favorável, desde que observados certos critérios éticos e espirituais.


🫀 1. Princípio básico: a caridade e o amor ao próximo

O Espiritismo valoriza profundamente a caridade e o amor ao próximo — como ensinado por Jesus.
A doação de órgãos é vista como um ato de amor, solidariedade e desprendimento material, pois permite que uma vida seja prolongada ou melhorada mesmo após a morte do doador.

“Fora da caridade não há salvação.” — (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV)

Portanto, doar órgãos é um gesto de caridade suprema, pois ajuda o próximo e demonstra desapego do corpo físico, que é apenas um instrumento temporário do espírito.


⚖️ 2. O corpo é instrumento do espírito, não sua essência

De acordo com o Espiritismo:

  • O corpo físico é apenas um meio de manifestação do espírito durante a encarnação.

  • Quando o espírito desencarna (morre), o corpo deixa de ter utilidade espiritual.

Assim, ceder órgãos que não mais servirão ao espírito é algo natural e moralmente correto.
O espírito continua sua jornada em outro plano, sem depender do corpo que deixou.

“A morte é apenas a destruição do invólucro corporal, e não do ser espiritual.”
— (O Livro dos Espíritos, questão 155)


🕊️ 3. Cuidados espirituais no momento da morte

Alguns espíritas chamam atenção para o momento da desencarnação.
Eles lembram que a separação entre corpo e espírito nem sempre é imediata, podendo haver uma ligação fluídica temporária.

Por isso, recomenda-se:

  • Que a retirada dos órgãos ocorra com respeito, sem violência ou pressa desnecessária.

  • Que haja serenidade e oração no processo, para facilitar o desligamento espiritual do desencarnado.

Isso não é uma condenação ao transplante — apenas um pedido de respeito espiritual ao doador no momento do procedimento.


💬 4. Transplantes em vida

Quanto à doação em vida (como rim, medula óssea, parte do fígado etc.), o Espiritismo vê com bons olhos desde que não cause prejuízo grave ao doador.
O corpo é uma ferramenta sagrada, e devemos zelar por ele. Mas, quando possível, ajudar alguém com uma parte de si é um ato nobre.

“O mérito de um sacrifício se mede pelo desinteresse e pela utilidade que ele possa ter para o próximo.”
— (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI)


🌟 5. Resumo da visão espírita

Aspecto Posição Espírita Fundamentação
Doação após a morte Favorável Ato de caridade e desapego material
Doação em vida Aceita, se não causar dano Amor ao próximo com responsabilidade
Respeito ao corpo Necessário Desligamento espiritual pode ser gradual
Obrigatoriedade Não existe Deve ser decisão livre e consciente
Valor moral Muito elevado Expressa o amor ao próximo e a fé na imortalidade da alma

📚 Fontes e referências espíritas

  • O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) — especialmente questões 155, 257 e 402.

  • O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI e XV.

  • Mensagens de médiuns e espíritos como Chico Xavier, Emmanuel, André Luiz e Bezerra de Menezes, que tratam do tema em obras como Evolução em Dois Mundos e Missionários da Luz (que abordam o perispírito e o desligamento).


❤️ Em resumo

Para o Espiritismo, doar órgãos é um gesto sublime de amor e solidariedade, compatível com os ensinamentos de Jesus.
Deve ser feito com consciência, respeito e intenção fraterna, reconhecendo que a vida verdadeira é espiritual — e que o corpo, após a morte, pode continuar servindo à vida por meio da doação.


E você, o que pensa sobre a "doação de órgãos"? Comente em nossa postagem e nós ajude com o tema.

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