quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O QUE VEM A SER LIMBO?

Até 2007, a Igreja admitia uma posição especial em alguns casos particulares. As crianças falecidas em tenra idade, por não terem feito mal algum, não poderiam ser  condenadas ao fogo eterno;  mas, por outro lado, não tendo feito o bem, não lhes caberia direito à felicidade suprema. Dizia a Igreja que elas ficariam nos limbos, situação mista jamais definida, na qual, se não sofrem, também não gozam da bem-aventurança. Já que a sorte delas é fixada irrevogavelmente, ficariam privadas da felicidade por toda a eternidade. Tal privação equivaleria, então, a um suplício eterno e imerecido, visto não haver dependido dessas almas que as coisas assim sucedessem.

O mesmo aconteceria quanto ao selvagem que, não tendo recebido a graça do batismo e as luzes da religião, peca por ignorância, entregue aos instintos naturais, não lhe cabendo nem a responsabilidade, nem o mérito daqueles que agem com conhecimento de causa.

A simples lógica repele semelhante doutrina em nome da justiça de Deus, que se contém integralmente nestas palavras do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”. Obras sim, boas ou más, porém praticadas segundo seu livre arbítrio, voluntariamente, únicas que implicam responsabilidade; não é o caso da criança, do selvagem, nem, muito menos, daquele que não teve oportunidade de ser esclarecido.

Felizmente, em 2007, sob o pontificado do papa Bento XVI, a Igreja extinguiu o conceito teológico de limbo, “por refletir uma visão excessivamente restritiva da salvação”.
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 Fonte: Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, Primeira Parte – Capitulo IV, com adaptações.

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